quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Profundidade

.....As margens do mar,lancei-me a fundo onde falta o ar,há perigos,onde é proibido a passagem a fundo mergulhei fugiram da mente as coisas das margens a busca pelo profundo mostraram os mistérios ocultos e em meio a coisa velhas já afundadas por aqui quem não busca por um tesouro perdido em meio ao ferrugem de tralhas jogadas,encontrei algo.Não posso alcançar ou até poderia mas não me pertence,e não há tempo para definições o ar que falta impulsa-me novamente para as margens,o tesouro já pertence a alguém penso eu,e o certo não é realmente certo quando se quer,não haverá conteúdo se la o deixar,já não posso mas tenho que subir e as margens retorno,o coração bomba pelas entranhas,não pude.Seria o certo deixar o já esquecido descansar sua história sobre esta profundidade,fora de presenças intrometidas e importunas afinal a entrada era proibida,por isso agora me vou..

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009


Emoções Confusas

"...no desalinho triste das minhas emoções confusas...

Uma tristeza de crepúsculo, feita de cansaços e de renúncias falsas, um tédio de sentir qualquer coisa, uma dor como de um soluço parado ou de uma verdade obtida. Desenrola-se-me na alma desatenta esta paisagem de abdicações - áleas de gestos abandonados, canteiros altos de sonhos nem sequer bem sonhados, inconsequências, como muros de buxo dividindo caminhos vazios, suposições, como velhos tanques sem repuxo vivo, tudo se emaranha e se visualiza pobre no desalinho triste das minhas sensações confusas."

Fernando pessoa



quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009


Sempre chega a hora da solidão
Sempre chega a hora de arrumar o armário
Sempre chega a hora do poeta a plêiade
Sempre chega a hora em que o camelo tem sede
O tempo passa e engraxa a gastura do sapato
Na pressa a gente nem nota que a Lua muda de formato
Pessoas passam por mim pra pegar o metrô
Confundo a vida ser um longa-metragem
O diretor segue seu destino de cortar as cenas
E o velho vai ficando fraco esvaziando os frascos
E já não vai mais ao cinema

(...)
Os carros na minha frente vão indo
E eu nunca sei pra onde
Será que é lá que você se esconde?
A idade aponta na falha dos cabelos
Outro mês aponta na folha do calendário
As senhoras vão trocando o vestuário
As meninas viram a página do diário
O tempo faz tudo valer a pena
E nem o erro é desperdício
Tudo cresce e o início
Deixa de ser início
E vai chegando ao meio Aí começo a pensar que nada tem fim...



Os avessos do ponteiro Ana Carolina









segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009



Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que soque não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

(Fernando Pessoa)

domingo, 8 de fevereiro de 2009

A janela




Esta escuridão aprisiona-me as reações,limpei as vidraças da janela para ver o que há por fora,que insatisfação obtive,aqui dentro deste grande diário de próprias confidências é perturbador ninguém pode ouvir esta voz,atender esse desejo,não há possibilidade de desabafo,os segredos que me rodeiam e guardo formou-se um grande vazio junto ao que ja existe,fazendo deste interior um diário de coisas que não acabarão.Há algo de errado neste rosto,não,seria apenas mudança no humor,então me vez por fora da vidraça da janela,algo parece errado?Nada que palavras e rodeios não deixem no ar,a visão daqui não é boa, avisto por fora deste vidro ventos dos que se esquecem,passam por aqui, apenas não existo,mentira e enganos naqueles que passam por esta rua.Prefiro este escuro,o interior de confidências um tanto confuso,não há saída.Não entenderias o que há neste lugar,não podes entrar,porém não há contentamento no que vejo por este fora desta janela,já aqui encontra-se uma guerra de palavras,quando algo é desvendado posso sorrir,meditando com sentimentos infantis para sentir o alivio da paz,e imaginar como é a vida do geito que eu quero.Os vidros desta janela empoeiraram-se novamente não me interessa mais quem passa aí fora,há uma luz que ilumina esse transtorno e retira as confusões e trará novamente a sinceridade nestes gestos,neste andar,e por fim sairei para caminhar deixando para trás este diário com suas páginas amargas,dramáticas,felizes,inocentes,e então tudo mudará......