quarta-feira, 25 de maio de 2011

TERNURA

Eu te peço perdão por te amar de repente


Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos

Das horas que passei à sombra dos teus gestos

Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos

Das noites que vivi acalentado

Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo

Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.

E posso te dizer que o grande afeto que te deixo

Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas

Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...

É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias

E só te pede que te repouses quieta, muito quieta

E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar extático da aurora.

                                           Vinícius de Moraes  imagem:google.com

segunda-feira, 23 de maio de 2011

UMA REVOLTA

Quando o amor é grande demais torna-se inútil: já não é mais aplicável, e nem a pessoa amada tem a capacidade de receber tanto. Fico perplexa como uma criança ao notar que mesmo no amor tem-se que ter bom-senso e medida. Ah, a vida dos sentimentos é extremamente burguesa.

                                            LISPECTOR, Clarice, 1920-1977. Crônicas para jovens: de amor e amizade.Rio de Janeiro: Rocco Jovens Leitores,2010. Imagem:Google.com.